Eu não tenho nada. Nem conta no banco Banco que eu conheço é banco de jardim Sou da pá virada meu karma é o fim No escuro dessa cela ninguém reza por mim Bato carteira, meu nome é carreira Nasci numa vala negra, rebento de uma rameira Meu pai eu não conheci cato resto de feira De segunda a sexta durmo na praça Fui batizado com cuspe, cachaça e racumim Sabem o que é tormento, abandono e solidão Ter luz como alimento, cimento como colchão Sou da pá virada meu karma é o fim No escuro dessa cela ninguém reza por mim Cola, benzina, delírio, miséria, polícia Porrada e cadeia sodomizado, pirado. O que esperam de mim? Morro a cada dia pingente diário Do trem da Fepasa ressussito moon dog Tu não te livras de mim Só pele e osso comida pro seu cão Prá viver eu morro por um naco de pão Olhos vendados primeira edição Apenas confirmam, coisas são como são