Por trás dessa cordilheira uma noite inteira vai descansar O sol já vermelho de tanto iluminar O solo moreno e latinoamericano, sereno e belo Tal corte e pano, certeiro plano de cultivar Por trás dessa bela tela há muita sangria, muito lutar Um povo perdido acerca do seu lugar Enquanto a lunar passeia no firmamento A guitarra chora seu bom lamento, seu sonho santo de respirar E a vida solene aguarda o melhor momento Em que voz e canto se façam vento Vontade e força de transformar Persegue a corrente o passo dos invasores Vigia a montanha a manhã dos tais senhores E cada penedo marca a mais vil trapaça A cobiça louca e a ameaça dos que pretendem ser soberanos Por todo o correr da história um clamor insano arrastou-se ao ar Batendo pelas colinas a ecoar Um grito ferido em busca de ouvido atento Um olhar ansioso de achar alento Na parceria de um outro olhar A noite guardou segredo sob a palavra de uma oração Que vinha das casas simples do coração A sombra arredou-se inquieta como criança E deixou-se aberta a uma esperança Uma clara porta a se iluminar Por ela passou o povo que em cantoria festava o novo Toda a alegria de ver a lida se completar E o sol despertou do sono, apesar de cedo Brilhou cheio de surpresa por tal folguedo Mas logo atirou-se à roda dos trovadores Cantou baladas, tocou tambores Partiu-se em mil raios de fulgores