Quase noite na cidade velha A calma passeando sobre as telhas Os cantos que se ouvem, coisas velhas As aves que persistem são sinceras Tá vendo aquela flor lá na janela? É tudo que sobrou da primavera O vento sopra morno e assobia Como se antecipasse a nova era Sinceramente, não sei se é à vera Ou se é mentira, eu nunca compreendia Tá ouvindo aquela voz que te exaspera? É tudo que ficou da poesia É tudo tão estranho Tão longe e tão medonho Nem parece que eu Estive um dia aqui E é tudo tão bonito Tão quieto e tão finito São restos de um amor Que eu não vivi A casa quase toda demolida Imagens renitentes, tão antigas O pouco do que existe é só ferida Que é do cheiro bom: Flor e comida Tá vendo esse meu choro na partida? É tudo que restou daquela vida