Três da tarde E o barco volta só Não há marolas no caminho Já se foi o pior O tempo que em vão perdi O sonho que acabou Reduzo em mim a calmaria Com ventos tropicais Empresto, então, a harmonia dos meus ais Três da tarde As velas recolhi Contive brumas de verão Sargaços que engoli Ao longo da arrebentação Um abraço furta-cor E um beijo denso como o mar Presente da sereia Que encontrei a me esperar na areia Outra tarde, sempre assim Passei a vida a navegar Os mares todos percorri Achei um porto em alto mar Cravei a âncora e desci Mas não fiquei por lá Três da tarde É quase o mesmo mar Estou de novo a me perder E há tanto o que encontrar A calmaria, o temporal Tudo pra se domar De novo o leme e a mesma nau Um mapa sem valor E a aventura de viver Recomeçou E a aventura de viver Afinal, recomeçou