Você me diz que tem fé É uma pessoa legal (Como diria Drummond) Daqueles que ama, faz verso, protesta De consciência normal Você me diz: Sim, eu posso Você me diz: Sim, eu sou Você me diz: Sim, eu sei, eu sei, eu sei Mas quando digo o que sou Você me mostra demônios Que alimentam seus medos E lhe consomem os sonhos E volta pra sua vida Sempre a serviço de hipócritas Que massificam ouvidos Em apelações midiáticas, simpáticas, dramáticas O que você faz com o que você tem E o que você fará com o que você quer Pois vai aqui minha música Não boto fé nessa crença Em mundo bom, mundo mal Confunde as diferenças Gritando velhos bordões Com suas meias verdades Que extorque os próprios irmãos Em nome de um Deus venal Apropriado ao sistema Retrato artificial De um mundo alienado Tão torpe, tão desigual Eu que não creio em política Que não resista a uma crítica E não defende ideais De vidas menos apáticas, monótonas, robóticas O que você faz O que você faz Não acredito em redes Com seus hashtags de ismos Cinismos, cismas, escárnios Que estratifica você Bem mais do você crê E pra matar nossa sede Inventam situações Que passam em sua TV E aliena você Bem mais do que você vê Por isso ouça o que digo Essa é a minha verdade Não alimento vaidades E minha inanição Eu mato com o meu pão De poesia silábica, utópica, romântica O que você faz O que você faz Mas não se prenda, meu bem Essa é mais uma canção E eu não peço que entenda A minha forma de ser E não me torne inútil Apenas por ter amor Porque o amor é bem mais Que este meu som clichê Que uma canção démodé Que apertar um botão Que um simples eu e você Porque o amor é bem mais Que nosso final feliz