Em volta da mesa, longe do quintal A vida começa no ponto final Eles têm certeza do bem e do mal Falam com franqueza do bem e do mal Crêem na existência do bem e do mal O florão da América, o bem e o mal Só dizem o que dizem, o bem e o mal Alegres ou tristes, são todos felizes durante o natal O bem e o mal têm medo da maçã A sombra do arvoredo, o dia de amanhã Eis o que eles sabem, o dia de amanhã Eles sempre falam no dia de amanhã Eles têm cuidado com o dia de amanhã Eles cantam os hinos no dia de amanhã Eles tomam o bonde no dia de amanhã Eles amam os filhos no dia de amanhã Tomam táxi no dia de amanhã É que eles têm medo do dia de amanhã Eles aconselham o dia de amanhã Eles desde já querem ter guardado Todo seu passado No dia de amanhã Não preferem São Paulo nem o Rio de Janeiro Apenas têm medo de morrer sem dinheiro Eles choram aos sábados pelo ano inteiro E há só um galo em cada galinheiro E mais vale aquele que acorda cedo E farinha pouca, meu pirão primeiro E na mesma boca sempre o mesmo beijo E não há amor como o primeiro amor Como o primeiro amor, que é puro e verdadeiro E não há segredo e a vida é assim mesmo E pior a emenda do que o soneto Está sempre à esquerda a porta do banheiro E certa gente se conhece no cheiro Em volta da mesa Longe da maçã Durante o natal Eles guardam o dinheiro O bem e o mal Pro dia de amanhã