Do sertão mato-grossense Na fazenda do serrado Conheci um fazendeiro Um carrasco endinheirado Maltratava sua esposa E dizia pra coitada Que vivia sempre em prantos Eu apronto qualquer santo Pois não acredito em nada Numa sexta-feira santa Ele amanheceu zangado Já chamou a sua esposa E falou bem declarado Hoje quero no almoço Um leitão e um frango assado A mulher ficou nervosa Por ser muito religiosa Não atendeu o malvado Nessa hora, o desumano Só porque foi contrariado Espancou a pobre esposa Com chicote bem trançado Ela correu para a igreja Viu Jesus crucificado E pediu que a salvasse Antes que ali chegasse O marido alucinado Ainda estava ali de joelhos Aos pés do altar sagrado Quando viu que o marido Foi chamando em alto brado Venha cá, sua atrevida Não tem santo que te salve Vim aqui te dar o exemplo Nem que seja aos pés do templo Tenho que ser mais respeitado Mas ao levantar o braço Ficou um tanto apavorado Pois sentiu um calafrio E ficou paralisado Pela esposa ainda em prantos O carrasco foi perdoado Hoje é um religioso É um marido carinhoso Pela fé, regenerado