Um fogo grande no galpão da estância Nas noites largas que o inverno traz Tem um mistério que ninguém entende Transcende um misto de ternura e paz As labaredas feiticeiras loucas Prendem os olhos mansos do peão Que as que viajam em pensamentos vagos Seguindo a alma pela imensidão Junto do fogo é que o peão campeiro Deixa vazar do interior de si O açude grande de emoções antigas Onde afogaram seu sonhar guri Quando este fogo se faz brasa e morte Fecha seus olhos pra dormir um pouco As labaredas permanecem neles Reacendendo seus anseios loucos Quero este povo reacendendo novo A cada aurora que o peão espera Que as labaredas iluminem as almas Que o desencanto fez virarem taperas Eu quero luz nestes olhares tristes Pelo vazio de mirar o fogo E as esperanças vão se tornar em cinzas Pois há sempre tempo de virar o jogo