A mata é a nossa casa No meio dos cangaço nóis é rei, sem lei E não é absurdo não, a sociedade é conduzida Por quem nos rouba e nos chama de ladrão Revolta Cangaceira, salve aos ancestrais A cortesia jamais será dada às suas fardas imorais O nordeste sempre ressurgirá em cada nordestino Em todo esse Brasil, que como brasão se fundiu Salve a vocês, guerreiros Construtores dessa São Paulo arquitetada para herdeiros Incorporo Virgulino Lampião nessa letra Minha rima é o facão, a caneta, a baioneta Tiro de escopeta não me atinge Adversidades não me aflige, tão pouco me restringe Sertanejo nato, condenado a andar no mato Finjo que tô morto, mas se vacilar, te mato Aqui é sem massagem, tá ligado, é pau no gato Comendo pelas beiradas, tô tipo cachorro magro Bebo água de poço, cachaça de alambique Pelo velho Chico de Ibotirama xique-xique Da terra de cactos com a saudade no peito Na selva de concreto conquistando o meu respeito Riscando da lista quem quiser me atravessar Tem que ser cangaceiro pra poder me acompanhar As cantigas da caatinga é o tema nessa dança Minha Maria Bonita me segue nessas andanças O andarilho cangaceiro pelo sertão Na frente seu padroeiro, na bainha o facão Homem da cidade grande, instinto de Lampião Peregrino nordestino O andarilho cangaceiro pelo sertão Na frente seu padroeiro, na bainha o facão Homem da cidade grande, instinto de Lampião Peregrino nordestino Não conta com a sorte Não conta com a sorte Não conta com a sorte Mas conta com a fé Lampião leu Napoleão e Chinaski leu Lampião Eu li Chinaski em Bukowski e ouvi Diomedes num som Quem é campeão na poli é são Nóis em primeiro, bem locão De Champignon até Chorão, até na morte bem vivão Cortem nossas cabeças, mas não nossa memória A morte é pra todos, mas são poucos que morrem e viram história São poucos que morrem pra viver na eternidade Matam Lampiões, mas não a luminosidade Somos remanescentes de uma chama incandescente Em tempos tão sombrios com uma luz resplandecente Foco permanente, pra manter a fé na mente Em momentos tão vazios, eu me conduzo eternamente Mantenho a delinquência, falo com eloquência Filho de uma nordestina, eu não perdi a minha essência Não é papo, é vivência, eu não bato continência Pra nenhum dos coronéis que são fiéis à presidência Me falem o nome do coxa Que matou Maria Bonita Ninguém se lembra, poxa Sua lembrança nóis vomita Me falem o nome do coxa Que matou o Frei Caneca Ninguém se lembra, poxa Sua lembrança nóis defeca Ninguém se lembra mais Dos juízes pelo tempo Condenaram Conselheiro E o Beato Zé Lourenço Mas o povo pobre vive E assim vamos vivendo Pau no cu dos seus juízes E seus falsos julgamentos Quem condenou José Lourenço? Quem condenou Maria Bonita? Quem condenou Lampião? Quem condenou Conselheiro? Frei Caneca? Quem condenou? Quem são os juízes comparados aos rebeldes que fazem a história? Quem será Sérgio Moro daqui a cem anos comparado a Luis Inácio Lula da Silva? Nordeste vive