Atravesso a rua como quem foge, empresto o sorriso ao senhor que dorme ali na esquina. Alguém grita "oh, meu deus, o fim está próximo!", eu digo "que boa notícia" todo dia é sempre o primeiro dia e há sempre tantas coisas para deixar pra lá. Curitiba, se você sorrir, lhe darei um doce. Então me diz, meu bem, não era ontem que você voltaria? Em silêncio, me visto para fugir ou pra encontrar a placa que diz "saída" meio homem, meio rato, preso em sua caixa de sapatos, me sinto mais velho do que deveria, mas pra mim, tudo bem, atravesso a rua cheio de fome e destas coisas que - dizem - o seu dinheiro não pode comprar. Fulano te pege um cigarro, você mente - logo hoje que está tentando parar, afinal, todo dia é sempre o primeiro dia e há sempre tantas coisas para deixar pra lá, mas Curitiba, se você sorrir, lhe darei um doce mas sem mentiras, meu bem, hoje tudo me cansa, você saberia se tivesse de fugir ou de acordar todos os dias.