Cai sobre os ombros do mundo 
A tarde minguada 
No alpendre, a visita dos sonsos carneiros
Cavalga a minha voz coma noite

O sangue que escorre pra terra 
Consagra, consagra 
A nudez de uma saga sem pé nem cabeça 
Cavalga a minha voz coma noite

Amendoeiras acolhem o fruto tingido
Nem acre, nem doce, nem vinho 
Bocas e manchas 
Cavalga a minha voz com a noite

Insetos atraídos pela luz 
Torrentes de sonhos 
Perdem suas asas

Numa corrente pra frente 
Se vende o profano ao profano

Nos pavorosos caminhos
De pedras, de cactos 
E bolas de cristais 
Cavalga a minha voz coma noite

Cavalga a minha voz...