Sem lenço, sem documento, sem pastor, ai, como a coisa vai ficando alienada e há tanto perigo na beira da estrada da vida que tem pressa em viver, que fazer? Sem lenço, sem documento, sem pastor, a vida da gente vai se transformando no que for, ausência, saudade, distância do riso, do belo e da flor, por isso eu preciso voltar para o primeiro amor. Quando Deus era bem mais que uma palavra, coração atravessava a madrugada e ajudar, oferecer a nossa mão era um prazer, ser cristão rimava com partir o pão. Mas o deus-ciência, tecnologia, o Mamon nos seduzindo noite e dia. Um milhão de coisas mais, mais formação, viva o prazer!, vão levando até o que não podia nos perder. Sem lenço, sem documento, sem pastor, me vejo pródigo, iludido e enganado. Ai, como a gente vai ficando cansado de acreditar que a lei é o que se vê, vê na tevê... Sem lenço, sem documento, sem pastor, a vida da gente vai se acostumando com a dor e esquece no início os sonhos e perde o vício e o vigor, por isso eu preciso voltar para o primeiro, para o primeiro, para o primeiro amor.