Meu trabalho é de peão campeiro Conforme diz meu documento Sigo sem afrouxar nenhum tento De campanha, crioulo e fronteiro. Mas eu trago outro ofício no mundo Que esses fundos já sabem qual é Cantar baile nos ranchos de campo Do retiro a Azevedo Sodré. Bendição que carrego comigo Ser um peão cantador de campanha Com o gaiteiro eu me entendo por sanha Pra pobreza eu até já nem ligo. Me chamaram pra sábado agora Cantar um baile na costa do Areal Eu não tenho no bolso um real Mas eu sou cantador desta gente de fora. Chão batido de saibro vermelho Meia-água de quatro por cinco Vou mirando os "buraco" do zinco E cantando ao clarão do cruzeiro. Que 'faz ano' a guria mais nova Lá do rancho do seu Gomercindo E eu não sei qual semblante o mais lindo Das três filhas da comadre Mosa. A Izabel, a Canducha e a Rosa Nem te digo qual a mais bonita Todas três com vestido de chita Com pregueado de fita mimosa. O Amadeus na gaita de botão E o Condonga no violão canhoto E um zumbido igual gafanhoto Do pandeiro do negro Bujão. Duas moças vêm do Parador E uma prima de São Gabriel Pode ser que a menina Izabel Faça "uns olho" de graça pra este cantador. Se clareia "agarramo" a estrada Que a pegada é só segunda-feira Vou cantando mais duas vaneiras Dessas de iluminar a madrugada.