Chamamé Sou pêlo duo, fui criado xucro Gaudério vago me fiz a lo largo Montando flete repontando gado, Fazendo amigos no calor do amargo Me fiz taludo correntando a vida E a dura lida me curtiu a estampa Eu fui forjado pra sofrer sogaços Dou manotaço gineteando o pampa. Não lambo espora e nem escuto prosa Quando é demais a promessa não vem Gasto o que ganho, tenho o que quero Sei ser amigo de quem nada tem Cresci no campo no lombo do pingo E expulsei gringo por meus ideais Calço garrão se for preciso eu brigo Mas entregar o meu pago jamais. Corre em minhas veias o sangue caudilho Fibra de guapo que não volta mais Entôo versos cantando a querência Terra legada por meus ancestrais Sou pêlo duro orgulho da raça E o chão nativo que me viu nascer Sobre estes campos de beleza infinda É que nasci e quero morrer Sou riograndense, nacional e puro Homem rural desta terra sulina E só divido meu amor pampeano Com os meus hermanos do Uruguai e Argentina A trote largo retinindo a espora Vejo horizonte sobre um céu de anil Este rio grande esteio da pátria Onde começa o meu lindo Brasil.