Barranquear é verbo xucro Mais velho que a monarquia Criado em fodologia De um modo pampeiro e franco Pois toda a lingua falada Tem sua definição É uma égua num barranco E um cuera de pau na mão O costume é muito antigo Quase da idade da vida Por alguma recolhida Pela madrugada clara Que algum xucro tapejara Incendiado de tesão Descobriu a invenção De equilibrar a taquara Piá de estância é caso sério Quando vai ficando homem Pra não sucumbir de fome Há de viver de gambeta Há de encontrar uma teta Escoro pra cabeçalho Pra não tronchear o caralho De tanto tocar punheta Esta história é de todos Vou contar, portanto, a minha Cresci fodendo galinha No maior desembaraço Arranquei tanto cabaço Sem cerimônia e nem prosa E larguei tanta penosa Renga de tanto piçasso Fui galo por muito tempo Desvirginei muita franga A piça era uma pitanga De tanto que trabalhava Até nem sei que gosto achava Naquela fodologia A pobre entrava e saía Mas porém nunca acabava Angola, coelho, seriema, Gansa, marreca, peru, Tudo passava na púa Marchando com o fodedor Uns a ferro, outros a dor Iam tomando no isqueiro Nem o galo do terreiro Escapou por ser cantor Se escapasse algum arisco Que me tirasse uma luz Mas fodi até avestruz Uma lebre e um bugio E até a puta que o pariu Um lagarto desgraçado Tinha o cú de atravessado E além disso muito frio Depois passei pro rebanho Já transformado em carneiro E vou lhe dizer parceiro Muito melhor que galinha Aquela buceta quentinha Que dá calor e dá frio E até deixa um arrepio Pelo sabugo da espinha Assim bem despreocupado A foda é muito gostosa Maneada como pra tosa Sentada no pau da gente Tendo aquela coisa bem quente Choromingando na piça Chega dar uma preguiça De dormir eternamente Cabra sim, nunca comi Nem marimbondo tampouco E dum jeito meio louco Me enrabei num urubu Até um sapo cururú Esculhambei da rabada Pois nunca errei a estocada Em bicho que tinha cú Agora, coisa especial é uma porca Tendo a gente por cachaço Bem limpinha e com cabaço No seco em noite de lua Ela se encosta e recua Rebola e salta pra frente Talvez pensando que a gente Tem piça em forma de púa As terneiras do chiqueiro Também entravam no ferro E quantas vezes um berro Soltado de sopetão Trouxe gente do galpão Correndo pra ver o que era Quase pegando este cuera Meio de guasca na mão Aí nesse meio tempo Depois de foder de tudo Eu já andava cuiudo Nas éguas de recolher Bem cedo, ao amanhecer Ainda na tesão da urina Eu tinha certo uma china E fodia a mais não poder Um barranquito qualquer Já estava arrumada a foda Dava uma bombeada em roda Cuidando de muito jeito Pra evitar que algum sujeito Desses que espiam a gente Gritasse assim, de repente: - Buenos dias, bom proveito Onde a mulher escasseia A coisa pega este rumo O índio que não tem pro fumo E não dá pra nada o que ganha E é por isso que se assanha Campeando substituto Nesse velho prostituto Dos rende-vous de campanha Certa vez, uma changuita Me pegou de barranqueio E me gritou: - Credo, que feio Cruzes, que relaxamento Porém me espiei de momento E vi que ela tava querendo Só assim acabei fodendo... Mulher é bicho ciumento O barranqueio é uma arte Que exige muita cautela Tem cada égua cadela Que a princípio se estaqueia Vira a cara, nos bombeia Fazendo que não tá braba Mas na hora do acaba Nos dá uma negada feia Assim termino essa história Nem alegre nem tristonha Piçasso, punheta, bronha Tudo num estilo só E quem não gostou tenha dó E vá comer um urubu Ou deixe as pregas do cú Na chonga dum burro-chó.