Minhas chilenas de prata se arrastam no pedregulho Um facão marca três listra pra desatar os embrulhos Uma mala de garupa onde eu carrego os bagulhos E uma gaita de oito soco pra se fazer uns barulhos Um borrachão de cachaça para afinar a garganta E uma colméia de rima que é um tesouro pra quem canta Um coração sem tramela pra agasalhar as percantas Lá no meio das barracas já tá formada a bailanta Dê-lhe gaita nas barracas que hoje aqui ninguém me ataca Dê-lhe gaita dê-lhe gaita bamo num trancão de vaca Dê-lhe gaita dê-lhe gaita que hoje aqui ninguém me ataca Que eu amanheço cantando em tudo quanto é barraca A barraca tá lotada tá cheia de capivara Uma carga de cachaça pra envenenar os jaguaras Uma louca dá um bote se atira que nem coatiara Se agarra nos meus cabelos me baforeia na cara Nesta vida de gaiteiro só vivendo de aprofia Me apelidaram de fiado lá na estância da harmonia Eu vou mudar minha sorte antes de clarear do dia Que arrumem outro gaiteiro que eu vou me atracar nas tias