Segunda-feira de manhã toda preguiça é vã Café com álcool etílico serve qualquer roupa Pra seguir a rotina desse roteiro cínico Terça feira à tarde meu corpo já arde Liberte-se desse espírito patético Desses quereres fúteis, desses bens inúteis, desse viver sintético Quarta-feira oito e meia minha igreja incendeia Fogo em abundância Mas confuso percebo que só querem meu dinheiro E a minha ignorância Quinta-feira sou colônia da metrópole insônia Condenado a extirpar inspiração Sou poeta, viajante, apaixonado, louco, amante Filósofo clamando reflexão Sexta-feira friorenta meu desânimo aumenta Partir em busca de companhia Logo somos eu e a cama rindo pelo tenebroso drama Da solidão não ser por rebeldia Sábado à noite, há esperança ser feliz no fim da dança Mas logo constato atônito Melhor água potável que essa cachaça indecifrável Que só me causa ânsia de vomito Nas tardes de domingo com meus familiares sinto Vergonha, medo, cólica Viver é dialético, meu pai é diabético E a mídia diabólica