A nascente é lá da mata Vai correndo na cascata Águas cristalina e pura Vai descendo serra abaixo Desaguando no riacho Revestido em pedras duras Água desce violenta As pedras quase arrebenta Não tem nada que segura No embalo da correnteza Forma linda cachoeira Cai cem metros de altura Onde começa o varjão Tem um pedaço de chão Terra preta bem escura É uma terra cem por cento Onde planto os mantimentos E canteiros de verduras O meu rancho está cercado Já tenho um pomar formado Bastante frutas maduras Passarinhos faz a festa Seu cantar forma uma orquestra Sem maestro e partitura Se o rio transborda a barranca No varjão as garças brancas Paturis e saracuras Maritacas na figueira As cigarras cantadeiras Precisa ver que loucura Na hora que esfria o Sol Eu vou pescar de anzol Deixo esquentando a gordura Pegar peixe é brincadeira Separo os grandes pra feira Os miúdos pra mistura Bem cedinho eu me levanto No fogão ali no canto Boto água pra fervura Já é costume da gente Faço um cafezinho quente Adoço com rapadura Tomo com broa de milho E biscoito de polvilho No meu rancho tem fartura Minha vida é só beleza Convivo com a natureza E tenho Deus na cobertura