Quando vim lá do nordeste Passando fome e passando sede No interior de São Paulo Me abriguei num rancho velho sem parede Ali dormia no chão Pois não tinha cama tão pouco rede Só Deus sabe o quanto sofre Um nordestino barriga verde Em São Paulo eu sofri muito Rancando toco e roçando mata Ganhava cincão por dia Pra economizar eu queimava lata Descalço e com roupa velha Não desanimava da sorte ingrata Eu tinha fé que meu Deus Vinha ajudar um cabeça chata Saudade foi apertando Longe dos parentes como eu chorava Saudade do pai e mãe Que lá no nordeste há tempo deixava Eu escrevi duas cartas Para os parentes e enviava Pus uma dentro da outra Se uma não chegasse a outra chegava Mas graças a Deus agora Me adaptei na terra paulista Já sei o que é o amor Aprendi até a fazer conquista Conquistei a paulistinha Filha de um capitalista Qualquer dia levo ela Para o nordeste e não deixo pista