Gal Costa

Cabelos e Unhas

Gal Costa


Minhas unhas e cabelos
Me lembram constantemente
Que por mais que sejam belos
Os retratos que tirem da gente
Jamais poderemos sê-los
Revivê-los exatamente
Pois sempre teremos mais pelos
Ou as unhas cortadas mais rente

Cabelos e unhas crescendo
Lembram que de nada adianta
Fugir de estar sempre sendo
Prédio em estágio de planta
Projetando-se de um centro
Como quem se agiganta
Ou podando-se para dentro
Como quem em si se estanca

Cabelos e unhas, parece
Eu li num lugar qualquer
Que, tenazes, ainda crescem
Depois que a gente não estiver
Pode não significar nada
Mas encanta a quem supunha
Que não há forma acabada
Pra quem tem cabelos e unhas