Ainda me lembro bem do dia em que parti As frases que encerrei, os livros que abri Os contos e as fadas, o fardo sem final As asas amputadas, enfeites de Natal O medo da mudança e o que ele fez de nós O pavor de perder, de prosseguir a sós E acostumei a me omitir Amar é mudar Amar e mudar E transbordar E se despir Amar e mudar E os mitos, os encantos, que admirei por tantos anos E as prendas, as vendas, que sempre nos cegaram para o nosso o engano E agora apago a luz que não revela as cartas sob a mesa Velhas molduras, mesmas costuras A paisagem de nossas vidas, obscura A obliterar a fragilidade de tudo que vivemos À espera da fagulha O calor da rua, em nossa pele nua Amar é mudar Amar e mudar E transformar E se despir Amar e mudar