As janelas dos prédios sem ninguém As cadeiras de cima, sem perna, ainda riscam o chão Meus pensamentos vão além Os dele não Imaginei uma vida sem alguém Uma mesa sem pano, sem prato, sem plano, sem pão Minhas correntes jamais me farão refém As dele vão Esses dias acho que vi na televisão Ou será que foi por aí Ouvi falar a multidão Que o passado não tem vez Mas o presente é uma contradição O futuro já é o fim do mês E um tiro na contra mão Quanto tempo há de se perder Para que o tempo deixado ironizado em vão Valha o que há de valer Que eu não acabe calado, com o bolso furado, por não Deixar de viver uma vida sem razão Porque me sinto cansado, deixado de lado, então De chegar atrasado, mentir minha situação Mas ele não Esses dias acho que vi na televisão Ou será que foi por aí Ouvi falar a multidão Que o passado não tem vez Mas o presente é uma contradição O futuro já é o fim do mês E um tiro na contra mão É senado ou é sem nada? Um mistério, um ministério, uma piada É uma cela ou uma cilada? Um degrau quebrado na escada Expressionismo numa foto panorâmica O mecanismo ou uma laranja mecânica? Uma verdade errada Que esses dias acho que vi na televisão Ou será que foi por aí Ouvi falar a multidão Que o passado não tem vez Mas o presente é uma contradição O futuro já é o fim do mês E um tiro na contra mão Esses dias acho que vi na televisão