Reflita um pouco mais Mergulhe em si mesmo Sem ter pressa de se secar Fique nu, livre, suspenso Sinta a mudança intempestiva Solta no ar... Pois amanhã de manhã A virtude vai ter com o vicio De manhã tudo incerto será preciso De manhã o abrigo será o perigo De manhã gotas de suor pele e pêlos Incensos, cigarros e vinho tinto De manhã o prazer nos lábios O desejo no labirinto da manhã... Feche os olhos são inúteis os sinais O tempo todo tudo muda Mas todos ainda são os mesmos Então dope o tato, a visão, a audição, O paladar o olfato... Sinta as coisas no pleno Que você trás de fora pra dentro Não fale nada fique em silêncio Deixe as palavras caírem a esmo pelo chão Quebre o espelho quebre a rotina Nade contra a corrente Corra na contramão... Pois amanhã de manhã A virtude vai ter com o vicio De manhã tudo incerto será preciso De manhã o abrigo será o perigo De manhã gotas de suor pele e pêlos Incensos, cigarros e vinho tinto De manhã o prazer nos lábios O desejo no labirinto da manhã... Agora colha o dia e aproveite o momento Experimente no âmago o gosto do mal Que você fez a quem gostava de você Sinta por dentro a dor desses cortes Planos, promessas que você fez só por fazer... Respire e sinta a fúria da tempestade Sufocando os pulmões perecíveis Quebrando enfurecida Em mosaicos microscópicos As lembranças puras de cristais Pois amanhã de manhã A virtude negará o vicio De manhã tudo certo será impreciso De manhã o abrigo será perdido De manhã gotas de suor a flor da pele Incensos, cigarros e vinho tinto De manhã o prazer fugaz nos lábios O desejo a esmo inerte e perdido No labirinto da manhã...