Estou deixando a razão ir embora, Puxando intervalos de ilusão pelo filtro, Injetando a vida na veia que a fé levou, Saindo e caindo nas calçadas, Fazendo arte nos muros, nas grades, Nos tetos invisíveis, nas garrafas, nos lençóis, Fazendo abrigo com jornais e tapetes, Tecendo teias e escalando paredes, O tempo passa tudo diferente é tão igual, A velha fórmula em rótulos coloridos e estranhos, Só se engana com a embalagem quem o conteúdo nunca usou, O passado se repete no futuro, E todo mundo sente na carne o déjà vu, Pra que servem os anjos? São músicos desculpados cantando em línguas entranhas! Anjos caídos, e traídos, de luz e treva espalhados nos terrenos baldios, Esquecidos no salão do tempo pelos seus criadores, Dispenso o equilíbrio, Estou dopadamente paciente, Cortando um namoro sujo, Com a faca suja, que o amor sujo sujou.... E quando eu sinto que a razão pode voltar, Puxo pelo filtro, injeto na veia, tomo um comprimido, bebo o litro, Porque mais interessante e envolvente que o fim é o recomeço, Só os nômades caminham por lugares que nunca ninguém andou... Por isso dispenso a razão E puxo intervalos de ilusão pelo filtro, Injeto a vida na veia que a fé levou, Saio e caio nas calçadas, Faço arte nos muros, nas grades, Nos tetos invisíveis, nas garrafas, nos lençóis, Faço abrigo nos jornais e tapetes, Teço teias e escalo paredes, Dispenso o equilíbrio, Estou dopadamente, paciente e frio, Cortando um namoro sujo, Com a faca suja, que o amor sujo sujou....