Hoje eu me apeguei a qualquer pedaço de lembrança, Qualquer coisa louca, nua e crua que aconteceu há horas, dias, meses atrás. Hoje eu te vi no espelho, na madeira, na parede, no azulejo, Vi mais uma vez o seu sorriso desfilando pela sala, E o incenso do teu cheiro está por todo o lugar, ficou em mim, Nos cantos e recantos da cama e a da casa. Hoje eu gritei de amor e medo, Afogado de lembranças, Mendigando um carinho, um beijo, um abraço, E lagrimas foram o que ficou o que restou aqui Dentro de mim num buraco negro sem fim Cheio de lembranças revivendo no presente e futuro o passado. O teu rio no meu mar desaguando, Em cada gota destilava minha solidão, Aquela magoa insana e abafada... Que está aqui dentro e já faz um tempo. E de repente senti-i alguma coisa tua e estranha que ficou em mim, E no escuro disso tudo fui iluminado pelos teus faróis florescentes, Cor de oceano verde calmo e claro. Essa miragem e ilusão misturada com o meu delírio é solidão, Da fraqueza de um homem totalmente humano, Cheio de vícios e falhas... E alguma coisa linda, pura, ninfa e fada sua ficou em mim, Nos fios de cabelo, nos pêlos do corpo e da cara, E apesar de estar vivo como um corte exposto Esculpido com a ponta da faca no olho da alma, Dói por esta longe, por ter se resumido, Essa coisa infinita e nobre entre a gente teve um fim, E por isso me sinto vazio com os pensamentos fugazes, E o espírito incendiado, entorpecido pelo calor da chama, Pelo chão e por cima do meu corpo ainda cato, Migalhas, raspas, restos e saliva Dessa coisa insana, mágica e louca... Que aconteceu há horas, dias, meses atrás.