Francisco Vargas

Recordando a Infância

Francisco Vargas


Às vezes eu tenho vontade
De abandonar a profissão
Dar um adeus pra cidade
E voltar pro meu rincão
Tô morrendo de saudade
Dos dias de marcação
Recordo o tempo da infância
Tenho sonhado com a estância
Onde trabalhei de peão

Cresci lidando com gado
Fui tropeiro e domador
O meu pai era agregado
Na fazenda de um doutor
Morreu o velhinho cansado
Honesto e trabalhador
O que ele fui não sou um terço
Por que já trouxe de berço
Esse dom de cantador

Assim eu vivo feliz
Trovando e bebendo canha
Muita chinoca me quis
Mas não vou atrás de manha
As vez fora do país
Um índio grosso estranha
Só mesmo a necessidade
Pra vim mora na cidade
Quem se criou na campanha

Vou ser enterrado no campo
Pros boi cheirar na minha campa
Pra eu ver luz de pirilampo
Clareando as noites do pampa
Ouvir trovão e relampo
Dos entre choque de guampa
Do zebu e o charolês
E quando enxerga um camponês
É igual tá vendo a minha estampa