Às vezes eu tenho vontade De abandonar a profissão Dar um adeus pra cidade E voltar pro meu rincão Tô morrendo de saudade Dos dias de marcação Recordo o tempo da infância Tenho sonhado com a estância Onde trabalhei de peão Cresci lidando com gado Fui tropeiro e domador O meu pai era agregado Na fazenda de um doutor Morreu o velhinho cansado Honesto e trabalhador O que ele fui não sou um terço Por que já trouxe de berço Esse dom de cantador Assim eu vivo feliz Trovando e bebendo canha Muita chinoca me quis Mas não vou atrás de manha As vez fora do país Um índio grosso estranha Só mesmo a necessidade Pra vim mora na cidade Quem se criou na campanha Vou ser enterrado no campo Pros boi cheirar na minha campa Pra eu ver luz de pirilampo Clareando as noites do pampa Ouvir trovão e relampo Dos entre choque de guampa Do zebu e o charolês E quando enxerga um camponês É igual tá vendo a minha estampa