Vou esperando isso tudo não acabar Vou esperando a espera que vem com seu olhar Entre portas um indeciso perde a via No meu imo a mentira pressagia A noite cai e retrai esse vil compositor E entre tantas por que escolhi o seu amor? Emaranhado, bagunçado, imprevisível Inoportuno, infundado, inelegível Isso que se vê diante do espelho não quer dizer nada Veja você tão perfeita penteada, virgem, imaculada Com lágrimas rolando ao chão Perdidas na multidão do seu próprio ateliê Quando amanhece vão-se as rimas deste compositor A nossa cama que é só minha esta coberta de dor E o cansado vai minando a resistência Do nosso amor, da plenitude e da carência Minhas verdades prostituem mentiras e obsessão E vendo os olhos por que eu prefiro a escuridão Pois o concreto é cruel e traiçoeiro E o abalo do compasso é desespero