Francisco Mário

Clareira Aberta

Francisco Mário


Na clareira aberta
Que o circo deixou
Só nos resta agora
Sobras do que ficou

Foi um dia de festa
Todo mundo irmão
Foi um dia de festa
Quanta ilusão

Entre papéis picados, risos rasgados
Cascas de amor, sustos em rostos pálidos
Bocas famintas, almas sedentas
Gritos em ânsia, e de pavor
Ai de mim
Ai de mim
Ai de nós
Que o circo se foi

Já vai longe o circo
Meninas e leões
Seus palhaços sérios
Dramas e canções

Sobrou uma seresta
Em nossos corações
Gosto breve, uma gesta
Perdidos violões

Sei que cresci na crença
Na doida esperança, do circo voltar
Vi com olhos de pânico
Feras humanas, mortes gloriosas
Gritos de raiva, e muito amor
Eu sei sim
Eu sei sim
Eu sei nós
A ilusão se foi

Na clareira aberta
Que o circo deixou
Estamos nós agora
Colhendo o que restou

Serão dias de festa
O circo não voltou
Somos nós agora
Artistas e leões...