Entardece na roça De modo diferente A sombra vem nos cascos No mugido da vaca Separada da cria O gado é que anoitece E na luz que a vidraça Da casa fazendeira Derrama no curral Surge multiplicada Sua estátua de sal Escultura da noite Os chifres delimitam O sono privativo De cada rês e tecem De curva em curva a ilha O sono universal No gado é que dormimos E nele que acordamos Amanhece na roça De modo diferente A luz chega no leite Morno esguicho das tetas E o dia é um pasto azul Que o gado reconquista