Nestas noites dolorosas Quando o mar, desfeito em rosas Se desfolha à Lua cheia! Lembra a ilha, um ninho oculto Onde o amor celebra o culto Todo encanto que a rodeia Nos canteiros ondulantes As nereidas incessantes Abrem lírios ao luar A água em prece borborinha E em redor da capelinha Vai rezando o verbo amar! Jardim de afetos! Pombal de amores! Humildes tetos De pescadores Se a Lua brilha Que bem nos dá! Amar na ilha De Paquetá! Pensamento de quem ama Hóstia azul, fervendo em chama Entre lábios separados Pensamento de quem ama Leva o meu radiograma Ao jardim dos namorados Onde é esse paraíso? O caminho que idealizo Na ascensão para esse altar? Paquetá é um céu profundo Que começa neste mundo Mas, não sabe onde acabar Sobre o mar de azul rendado Que é toalha de noivado Surge a ilha taça erguida E o luar, vinho dourado Enche a taça do passado Que embriaga nossa vida! Ai, que filtro milagroso Para a mágoa e para o gozo O luar, na mocidade Abre as rosas da saudade Dentro em nosso coração