Francisco Alves

Tormento

Francisco Alves


Mulher
O teu amor maltrata tanto
Que às vezes
Quando a rir doido me ponho
O riso se transforma como um sonho
Em lágrimas sem fim
De um longo pranto

Por isso
Quantas vezes nas noitadas
Escondo sob a face
O riso e a graça
Pois temo que o meu riso se desfaça
Em lágrimas febris e angustiadas

Mas este amor penoso e torturado
Com cheiro de tristezas, prantos e ais
Me faz cada vez mais apaixonado
De ter que a mulher cada vez mais

Me sinto numa orgia turbulenta
A luz do cabaré e a alma ferida
Pois tenho nos meus olhos refletida
A imagem da mulher que me atormenta

Se busco na champagne embriagado
O bálsamo sutil
Do esquecimento
Na taça vejo sempre
Que tormento
Aquele rosto em forma retratado