Quem me roubou a minha dor antiga, E só a vida me deixou por dor? Quem, entre o incêndio da alma em que o ser periga, Me deixou só no fogo e no torpor? Quem fez a fantasia minha amiga, Negando o fruto e emurchecendo a flor? Ninguém ou o Fado, e a fantasia siga A seu infiel e irreal sabor... Quem me dispôs para o que não pudesse? Quem me fadou para o que não conheço Na teia do real que ninguém tece Quem me arrancou ao sonho que me odiava? E me deu só a vida em que me esqueço, Onde a minha saudade a cor se trava?