Fogo de Chão

No Rastro da Gadaria

Fogo de Chão


Já faz três dias que culatreio esta tropa 
Que vem mermando, quase chegando ao destino 
Canso cavalos no rastro da gadaria 
Nas alegrias poucas de um campesino 

Só mais uns dias e a tropeada se termina 
Minguada é a plata para os que rondam madrugadas 
Empurrando bois, nos encontros dos cavalos 
De longe os galos prenunciam alvoradas 

Refrão: 
De vez em quando um sapucay chamando a ponta 
E um índio touro abre o peito e atropela 
Um cusco baio se revolta e garroneia 
O boi coiceia e, dando volta, se entrevera 
Tranqueia o gado farejando um aguaceiro 
Que vem se armando lá prás banda oriental 
Abrem-se ponchos na culatra e lá na ponta 
E o vento afronta mareteando o pastiçal 

Troveja longe e o raio plancha na terra 
E a manga d´água já branqueia o corredor 
Encharca o poncho e a alma de quem tropeia 
Se o tempo enfeia pros lados do chovedor 

Não vejo a hora de findar esta jornada 
E voltar pro rancho que ergui no meu lugar 
Já imagino a minha linda na janela 
Sonhei com ela e pra ela vou voltar 

(Refrão)