"De vez em quando uma saudade me desperta Meu velho pingo eu encilho no galpão Bombacha larga, tapeia um chapéu na testa E me bandeio para os campos da ilusão Lembro dos tempos dos clarins e dos relinchos E dos farrapos estendidos pelo chão Numa coxilha me sinto ainda menino De peito aberto e lança firme na mão Eu sou serrano, sou monarca, sou caudilho E pela raça, ainda sigo peleando Disposto e pronto para defender meu pago De contra o tempo, meu verso sigo cantando Sou gaúcho do pontão Não tenho marca, nem sinal, Sou pêlo duro E trago atado nos tentos o amor pelo meu chão Nasci num rancho e me criei pela campanha Tendo os pelegos e o meu pala como abrigo Banco e não corro do bicho sem ver o pêlo Também não nego nunca a mão para um amigo Pelas andanças, atravessei muitos pagos E sei decor os caminhos dessas lonjuras No meu costado vai o Rio Grande do Sul E em minhas veias o velho sangue charrua"