Fluxo

Ginga de Samba

Fluxo


Nem cheguei no recinto mas de longe eu já ouço o som batendo forte. Coro tá comendo solto.
Na bilheteria o valor não me anima,
se der sorte eu desinrolo e até sobra pra avenida.
Sem sucesso, na humildade,
entro, faço reconhecimento.
Analiso o terreno, vou que vou sereno.
Comprimento todos, não faço tanta questão.
E se te der durão, mas.. tá tranquilão!
O grave é pesado, quase me tira do chão.
Vou logo para o vulcão, agito no batidão.
No calor vou dar um rolé pra ver qual é no bar.
Vou molhar a palavra se não num dá.
No olhar avisto aquela coisa linda requebrar.
A atenção toda voltada, até esqueci o que eu ia comprar.
Desejada na missão, coração dispara.
Do uma aproximada, cobiçada, rebolado de lado da gata.
Ela não nota, eu continuo ali.
Na busca incessante de um instante louco pra curtir.
Dizendo 'me dá licença', dispensa minha conversa,
sua pressa. Anula a chance de chegar naquela peça mas,
nada me aborrece porque hoje é sexta feira.
Na pista, a pista é lotada e eu não tô de bobeira.
Esperando a semana inteira.
Agora eu sou patrão.
Eu que dito as minhas regras, embalado pelo som.
Vento no sul, quase sem sentir,
o tempo corre contra mim,
tristeza não teve infelicidade sim.
No início da minha jornanda de volta pra casa tomo uma gelada de custume trilhando as calçadas.
São quase 5, tudo tá acabando.
Arquitetando o retorno, reflito nos poço, neguinho.
Vive na manhã pra se divertir,
mesmo no sufuco por pouco, nunca deixo de sair.
Lembranças de um bom momento que vivi, é o que eu penso.
Levo necessário pra seguir, seguindo, sentindo.
Rumo ao meu lar. Buzão agora é o que eu mais quero.
Mas anda até o ponto que num tá muito perto.
Ligado, ágil passo na cidade dispertando.
Enquanto volto outros estão acordando cedo para quem vai sair tarde, pra quem tá chegando ironia de quem vê vagabundo na noite voltando.
Buzão já tá no ponto, pronto pra partida.
Vento vai no rosto, movimento nos primeiros raios do dia.
Refletindo indo em direção ao meu recinto.
Onde me guardo meu ninho.
Comprimento meus vizinhos.
Avisto a casa 8 me esperando,
vou entrando, tomo um banho sonolento, quase desmaiando.
Pra lembrar mais tarde a arte de viver zuando.
Eu sei que não tá bom mas continuo me esquivando.