Meu canto é quem guia o impulso da onda E faz o oceano emitir seu marulho Meu canto supera do mar o barulho E faz com que a tempestade se esconda Meu canto é que exige que o mar lhe responda E chama a tormenta pra lhe acompanhar No dia que emudecer meu cantar A própria garganta das águas se emperra E eu faço tremer o alicerce da terra Cantando galope na beira do mar O vento passando através duma mata Arranca das árvores suas folhagens A força de um rio contido entre margens Liberta-se quando ele cai em cascata Toda natureza tem a força exata Que leva o mundo a se transformar Nenhum ser vivente consegue escapar À lei natural que governa e não erra E eu faço tremer o alicerce da terra Cantando galope na beira do mar Se um dia você passeando na praia Ouvir um concerto solene e profundo Como se houvesse no ventre do mundo Uma orquestra que lá se oculta e ensaia Você feche os olhos, se benza e caia De joelhos na areia e comece a rezar Pois quando essa voz principia a soar Nos céus e no inferno um portão se descerra Sou eu abalando o alicerce da terra Cantando galope na beira do mar O mar é um cofre de imensos segredos Naufrágios, tormentas, batalhas e dores Desastres, mistérios, miragens, terrores Sepulcros, cavernas, abismos e medos A terra é uma arena de tristes degredos Miséria, doença, infortúnio e penar Maldade, violência, tortura e azar Cobiça, traição, assassínios e guerra E eu faço tremer o alicerce da terra Cantando galope na beira do mar