Flávio Tris

Sereia da Noite

Flávio Tris


Era joão tão sozinho no mar, sereia chegou, sereia chamou
Foi medo e maravilha quando a sereia chegou, sereia chamou
Era joão abismado de amor, sereia cantou, sereia cantou
Foi pescar mais um peixe prá flor sereia calou, sereia escutou

Te ofereço esse peixe que é toda vida
E mereço esta fonte hoje aqui sentida

Foi um tal rebuliço que o mar calmado virou, virado ficou
Era escuro da noite quando a sereia falou, sereia avisou
Sob a lua eu sou tua porém vê bem, pescador, vê bem pescador
Na primeira faísca da aurora, embora eu me vou, embora eu me vou

Já que tu faz questão de tua alforria
Te prometo soltar ao raiar do dia

Manto da madrugada virada inteira de amor, inteira de amor
Era joão encharcado de desespero e calor, suado de amor
E num tal descaminho de estar sozinho na dor, em breve era dor
'proveitou distração da sereia e à lua cantou, à lua cantou

Mãe da noite eu lhe rogo com voz propícia
Jamais suma dos olhos dessa delícia

Foi que então chegou hora em que o mar clareia, a água cheia de cor
Todo mundo avistou quando a luz primeira brilhou, de novo brilhou
Todos menos sereia que enluarada, toda estrelada jurou
Pra sempre serei tua, noturna e nua, meu rei do mar, pescador

No meu corpo a semente da lua cheia
No meu canto eu encanto toda sereia