Me lembro daquele tempo que vivi lá na campanha Que ao invés de comer manteiga se comia pão com banha Quando se carneava um porco parecia uma festança Por que a gente dividia tudo com a vizinhança Porém aqui na cidade credo em cruz até da medo Pois quem tem dinheiro come quem não tem chupa no dedo Fio de bigode eu digo isso e sustento No tempo do meu avô era um baita documento No lugar que eu vivia, digo com sinceridade Lá é muito diferente dos costumes da cidade Aqui o ensinamento até me desacorçoa Por que aqui qualquer pirralho chama os velhos de coroa Lá eu levantava cedo com o cantar dos passarinhos E aqui eu me acordo com os gritos dos vizinhos E o meu pai contou que meu avô um certo dia Foi comprar uma boiada nos pagos de vacaria Como não tinha recibo vejam só como é que pode O velho dono da tropa lhe deu um fio de bigode Porém aqui na cidade está tudo desse jeito Nem um bigode inteiro está impondo respeito