Enquanto vida eu tiver E enquanto a vida me quer Em cima da terra E embaixo do céu Fazendo um serra caber no papel Cantando o que eu puxo da inspiração Enchendo o meu bucho De acorde e canção Trancando as palavras Nos currais da rima Tornando-as escravas Tão livres e tão finas Colhendo os meus versos Com mãos de poeta Correndo na reta De um bom cantador Cantarei meu canto No canto que entôa Serei o encanto da imaginação Terei nos baiões nas cantigas e lôas Os sons e a prôa da minha canção Do rei do baião cantarei o ensino De um vão virgulino Eu serei o lampião Moldando no barro de um rei vitalino Cantarei o hino e a voz do sertão Das belas cantigas serei compromisso Pois meu padim ciço me dá proteção Serei o conselho De um bom conselheiro Serei mensageiro de frei damião Terei meu nordeste plantado no peito Regado com êito de pura emoção Serei como a dor De um irmão sertanejo Que ganha o sobejo De um taco de pão Serei saudade De um filho que parte Serei o aparte Da briga de irmãos Serei a cantiga do brilho da arte A espiga de milho do teu são João Serei o encontro da noite com o dia O céu dos amantes, a Lua do amor O canta que antes se fez poesia Na voz incessantes de um cantador Enquanto eu tiver