Não se acostume a mim tão fácil Pode ser que uma hora ou outra eu embarque Não tem uma razão Não vejo um sentido As vezes só desejo me jogar por esses trilhos Tudo dói em mim em cada parte do meu dia Eu sei, isso é uma forma horrível de se ver a vida Meu relógio já parou e não tiraram a pilha Minha mensalidade de futuro tá vencida Eu tento não chorar Já cumpri minha terapia Todas possíveis que se possa imaginar Mas caramba, já se passaram meses e eu nada Respiro mais uma vez Bebo outro copo d’água Dessa vez, nem quetiapina me salva Já são quase quatro horas O tempo lá fora pede por mim e eu peço por ele O meu corpo cintila, pintado de azul Azul escuro que é pra lembrar do mar Prometo te amar e não te esquecer lá E quando eu desligar Essas terão sido as minhas últimas palavras Te escrevo com amor Te falo o meu nome E tudo que não te falei Mas essa é minha última carta