Filomedusa

O Que Eu Sou

Filomedusa


Versos num papel de pão
Inverso do que eu imaginei 
Pilhas de papel no chão
Trabalho em vão aqui depois das seis 
Direita, esquerda, contramão
Vago sem direção no fim do mês 
Disfarço e faço lei do que eu falei
Mas eu não sei se vai dar pé 
A minha fé, meu coração
Nem sempre encontra (solução) 
Tergiverso e faço versos de amor
Proselitiso o meu senhor
Estou imerso em tradição
Mas afinal...
O que eu sou
O que eu sou
Sou um manobrista de idéias anarquistas
E o meu som, e o meu soul
Sou um viajante e vôo baixo num rasante, um planador  
Páginas viradas no jornal
Linhas traçadas sobre mim 
No rádio uma canção e no horizonte
Uma veste de cetim 
Me caso com o acaso, dou descaso 
Aos meus casos de amor 
Te estendo a mão, te dou a flor
Mas não tem cor, não tem 
Esgarço o meu espaço pouco esparso
Nos meus passos solidão
Não há nenhuma direção
(na multidão)
O que eu sou
O que eu sou
Sou um alquimista de idéias vanguardistas

Naturais
Me deixe em paz
A minha paz não se confunde mais com a dor
Da solidão
Deito no chão...