Deixa
Escorrer pela ladeira o peso da incerteza
Abraçar o sim
E oferecer pra’que aconteça

Deixa a chuva enxaguar a dor
Movimento é parar de arrastar o passo
Chacoalhar a cuca
Encontrar o devido espaço

Dos papéis
Das marés
Das febris ilusões
Veja!

Da janela a chuva corre
Em plena quarta-feira
Já é maio

O tempo passa e você tá na mesma
Essa insensata lentidão
Então me diga qual vai ser!
Então me diga lá você se vai

Se vai ou racha
Tem coragem de dizer?
Tem peito pra esclarecer se vai?
Se vai na raça
Seja!

A mudança que espera colocar à mesa
Arrebate a esquiva chama
Das cruéis certezas
Viciosas tentações

Se oriente, adiante os desembaraços
Arranque as amarras
Abençoa os teus próprios passos
És um Deus
Um plebeu, um devoto pagão