Viva a festa!
Viva o fado!
As guitarras a tocar
Vem de ombros
Aclamado!
O toureiro vai chegar
Marialva! Marialva!
Quantos beijos tu roubaste?
Marialva! Marialva!
Quantos beijos tu roubaste?
Marialva! Marialva!
Tens o povo à tua espera
Marialva! Marialva
O grande amor da severa!

Viva a vida!
Viva o fado!
A boémia e o prazer
Viva o vinho!
E o pecado
No beijo de uma mulher!
Viva a festa!
A loucura
A volúpia da paixão!
Passo as noites à procura
Da mentira e da ilusão
(Passa as noites à procura da mentira e da Ilusão)

O amor é uma rosa
Tão vermelha e tão fogosa
Que hoje na arena caiu
De uma dama misteriosa
Altiva e vaidosa que um beijo pediu
E atirou-me esta esta flor, perdida de amor
Assim que me viu!

Mas uma mulher ciumenta
E com raiva violenta
Esta chinela lançou
Louca de amor e sedenta
Na praça sangrenta
O meu nome gritou
E do seu modo trocista, xingão e fadista
O meu rosto marcou

Meu amor, quem me dera
Dar-te toda a minha vida
Ficar sempre à tua espera
Amar-te mulher perdida
Tu és fado e quimera
Maria Severa!

Ponho uma flor no cabelo
E um xaile bem traçado
Subo lá a cima ao castelo
E quero cantar um fado!
Depois desço à mouraria
E levo a minha guitarra
E meu povo que alegria
Quer ir comigo para a farra!

Severa! Cigana!
Feita de sol e de Tejo!
Morena, leviana
Entrego-me em cada beijo
Tenho o céu de Lisboa
E cheiro a madrugada
E a boca não me destoa
Da minha saia encarnada

Severa! Canalha
Feita de noite e de Lua
A linda, como navalha
A musica que enche a rua
A minha alma sofrida
Tem um segredo guardado
Não sou só mulher de vida
Sou a mãe do fado
A minha gente é do povo
Vive de tristeza e pranto
À espera de um dia novo
E é para eles que eu canto
Na minha voz tenho grito
De revolta e de paixão
Se o amor é infinito
Não me cabe no coração

Severa! Cigana!
Feita de sol e de Tejo!
Morena, leviana
Entrego-me em cada beijo
Não sou só mulher de vida
Eu sou a mãe do fado