Aí falar pra vocês. Coisa de preto Coisa de preto, né? Ser oprimido, corrompido e ser julgado Uma buzina na hora da entrevista e deixar o âncora rico bolado Coisa de preto. Nadar, nadar, nadar e morrer no leito do rio Pois quem trás marcas de correntes no tornozelo O mar é liberdade de espírito Coisa de preto, correntes contra correntes unidos em oração Independente das crenças era só mais um pedido de libertação Pois era mais um agonizando nas presas de um chicote cortante No tronco onde clamava por um perdão Coisa de preto, senzalas, açoites, dor e muita aflição Ódio pela cor, intolerância racial sem espaço pra argumentação É dente arrancado, avaliado vendido como cavalo, o preço Nem era alto, a liberdade física era um sonho, imagina a liberdade de expressão então Coisa de preto, sofrimento, tratamento desumano, o feitor e o desespero Cativo, cativeiro, prepara mais uma feira livre, pois acaba de chegar no porto Um navio negreiro Mercadoria, venda troca, passa pra lá, você vem pra cá Assim era as coisas de preto, da carne, do sangue no cálice Éramos isso mercadoria sem valor, almas sem amor e sem cor Era a boca que não se podia nada falar Coisas de preto, tiro na nuca, ferida aberta, felicidade acordar no outro dia Mesmo que fosse pra sonhar com a carta de alforria Fugir era impossível, fuga pro quilombo mas tarde negro eu te aviso 100 chibatadas e 3 noites sem água pro escravo fujão, era a sentença da burguesia Coisa de preto, até hoje agente foge dessa situação No futebol gritam macaco, no shopping ele é parado Na faculdade as cota Né? Sem elas sem chance de integração! Isso é revolução, evolução? Só se for pros de cor de ouro porque Pra negro, moreno, escurinho, preto, como você quiser, pra nós não é não 400 anos após e eu aqui falando de coisa de preto Chega a ser ilusório o dia em que não haverá mais racismo, preconceito Onde a fala será o preto alcançando o lugar de preto e fazendo coisa de preto Direito iguais, liberdades iguais, domínios iguais, e não ser dominado e submisso Isso é coisa de preto Na propaganda tendenciosa, é coisa de quem, ser a empregada? E coisa de quem ser o chefe do morro? É coisa de quem ser a carregador d’água? Nas novelas é coisa de quem? Isso é coisa de preto Tem que ser do preto, é o papel do preto, ele nasceu pra isso Dirigir carro de luxo só se for roubado, ou contratado pra segurança de artista famoso Com medo de ser assediado, põe logo um negão de dois metros, todo mundo tem medo De um desses aí, eles não são educados Um livro, ser empresário, ter sonhos e ser bem sucedido Vichss,, foge totalmente das sina prevista pra quele menino Ta sedo ainda pra ele entender, que por ele faz coisa de preto Ou seja, ser preto, pra ele será sempre o mínimo do mínimo Ainda bem que existe a arte, a cultura, desvalorizada e pré conceituada Mais existe, o berimbau o atabaque, a roda de negro reunido, na luta pra sobreviver Em meio a paz desfigurada! Guando eu venho de Luanda aeh,, não veio só Guando eu venho de Luanda, aehh, não venho só! Canta zumbi dos palmares, canta a liberdade do povo que vive a esperança Serra da barriga, quilombo de guerreiros, refugio para os que sonha Grita liberdade e independência Por que a ordem e o progresso, se afogaram na lama! Coisas de preto A mais certa de todas elas, é que continuaremos aqui Fazendo coisas de preto até que um dia isso chegue ao fim Seu racismo, seu preconceito contra todos esse povo, contra mim Só calaremos guando a liberdade pra viver, liberdade de viver Estiver tão em alta quanto sua ignorância proposita Enxergar todos como um todo, sem divisão social, racial, intelectual E com direito de resposta Aeeh, lembra sempre, temos nossos valores, temos nossas qualidades E faremos um fardo pra vocês todos cor de rosa, avelã e azul claro! A resistência, a luta e liberdade pelo nossos direitos E tenham ciência, do que vocês iram dizer, guando verem que Deus é, cinza, amarelo, pardo, índio Deus é preto! Paz