Foram vários outonos, invernos, frios, tempestades Enxurradas de lutas, chuvas de pedras, potestades A previsão do tempo me informou que vinha frente fria Pancada de chuva, vento, escurecerá o dia Noites cumpridas de choro duraram muitos dias Manhãs e tardes nebulosas, ausência de alegrias Companhia que só quis roubar o que eu nem tinha Até meu coração quis me enganar no que sentia Dizia eu: Até aqui lutei em vão, desisto! Dizia eu: Cansei as mãos com tanto imprevisto! Bem quisto por Deus e não muito por muitos Mau dito um ditado, só de lábios tamo junto No ringue mundo se nocauteado, levanto Até em notas menores da melodia vida eu canto Preparado para vitória ou derrota Nado num rio de lágrimas em direção a estreita porta Suporta firme o coração, sofro decepção de amigos Mas prossigo em frente mesmo com os pés feridos A morte vem me matar, a vida livra primeiro A mentira vem me acusar mas verdade é com os verdadeiros Deus ouve pecador, o que erra ou o que acertou Na angústia ou dor, no silêncio ou no clamor Mas no horizonte os primeiros raios de sol consigo ver Bem vindas primavera e verão pra quem crê Os ventos que vão e vem E chuvas não vêm em vão São tempos que vem pro bem Ajudam na manutenção, cada estação Os ventos que vão e vem E chuvas não vêm em vão Tudo coopera pro bem Não tem só primavera e verão Passaram várias primaveras Mas como nasci em maio sei que elas são outonos E dentre todas quimeras Morrer a cada dia me traz mais vida de bônus Sentindo o peso da chuva Tentei me esconder até passar a tempestade Mas como achar esconderijo Onde livrasse da enxurrada toda a minha iniquidade!? Então olhei pro céu e de repente ele se abriu Sorriu pra mim, um arco-íris se coloriu Sutil, entre as nuvens surgiu, azul de anil Achei que tava senil ou trampando na Suvinil Hoje enxergo diferente Aquele quadro que foi pintado na minha frente Vento nenhum desarruma meu ambiente O clima que o tempo traz não tira a paz da minha mente Os ventos que vão e vem E chuvas não vêm em vão São tempos que vem pro bem Ajudam na manutenção, cada estação Os ventos que vão e vem E chuvas não vêm em vão Tudo coopera pro bem Não tem só primavera e verão Fex Bandollero O que foi me dado de graça nunca será posto a venda Poesia que transpassa e sangra por cada fenda Como posso fazer disso somente fonte de renda Sem que o Espírito que habita em mim grite: Se arrependa!? Não falo de valor mas sim de quanto se vale Um propósito de amor ou a condição que me cale Instrumento que não toca tem nenhuma serventia E se for pra servir pra nada, o servo, não serviria Então que seja assim, seja feita Sua vontade E que eu esteja afim, sem preguiça e má vontade Foi pra isso que eu vim, que eu cumpra Sua vontade Quero andar no Seu jardim, sem desculpa e à vontade Desejo ir além do que o mundo me limita Compartilhar com aqueles que a maioria evita Permita que o meu nome, diante do Seu, se omita Pra eu espalhar Sua verdade de forma sempre bendita Só abro a boca pra falar algo que também sirva pra mim Seja prudente, tenha sabedoria Porque além de ser meio, eu também tenho que ser fim Valores sem preço custam caro Se tem valor não tem preço que pague Não tem dinheiro que compre o que por mim muito vale Fale-me da conta cara paga por Sua dádiva Cale-se no grito consumado sem ter dúvida Cálice tomado ao crédito pra vida válida Pasme-se que foi quitado o débito da divida Súplica em vida secreta vale a morte pública Publicar em cada verso meu sua rúbrica Pregar de mente lúcida, anunciar Sua volta súbita Advogou minha nobre causa pra essa casa, divulgar vou Me esvaziou do ter pra eu ser mais uma mano Encheu meu coração pra boca falar do Seu plano Na terra da indiferença custa caro o amor Se o prazer tem preço, intimidade tem valor Me avaliou, quem não valia nada, em tudo Pra dar Seu filho, Pai, de tal maneira amou o mundo Só abro a boca pra falar algo que também sirva pra mim Seja prudente, tenha sabedoria Porque além de ser meio, eu também tenho que ser fim Valores sem preço custam caro