Aparece um que me pergunta pela vida Desponta o dia, bom ou mau, mas despontou Recolho a rosa que não era o mês passado Encho de tinta a caneta que falhou Aparece um que me pergunta por ele próprio Releio um livro tão difícil de entender Vou jantar fora com a criança que faz anos Volto para o livro que começo a perceber Aparece um que me pergunta pelos outros Sou de uma tribo acampada no meu sonho Vivo à cigano que nem o Robin dos Bosques Roubando estórias que não ponho nem disponho Aparece um que me pergunta superior Se ainda há decência neste mundo liquidado Aquilo que eu acho e que a paz ficou de férias E o superior e um moço disfarçado Aparece um que me pergunta destruído Se há hipóteses de ficar muito pior Vou convidá-lo a jantar fora com a criança É bem provável que ele assim fique melhor Aparece um que me pergunta distraído Se é aqui que mora a ilha do Faial Quando for noite vou contar esta aos amigos Que dão respostas com sorrisos de água e sal Aparece um que me pergunta a meia voz Como é possível que das pedras saia vinho E como isto lhe faz muita confusão Ainda pergunta se não estou muito sozinho... Apareceu um que não me fez qualquer pergunta De olhos tão grandes que até parecia cego Falou comigo uma vez... só uma vez Para dizer que o nome dele... era sossego