Eu olho, Os seus cabelos tingidos São marcas dos anos Que você viveu E vejo, O seu olhar embaçado Tão triste e cansado Como se falasse o que já sofreu Sozinha, Numa cadeira da sala Já quase sem fala Ninguém vem lhe ver Chorando, Silenciosa insegura Com tanta amargura A saudade dos filhos vem lhe corroer Toda sua experiência Vive adormecida Ninguém quer lhe ouvir A todo instante o passado Na velha cadeira vem lhe perseguir Vejo em você uma santa Parece criança falando sozinha São desabafos que voam E se perdem ao vento Igual andorinha Seus braços, Já ninaram tanta gente E agora só sentem O tremor da idade Minha velha, Os filhos que lhe esqueceram Nunca padeceram E nunca sentiram a dor da saudade Eu tenho, Doces lembranças de quando Você embalou Minha rede surrada Velinha, Hoje esperando seu dia Bem que merecia O carinho de quem lhe deixou desprezada Sei que você sempre sonha Abrir suas portas Pro filhos entrarem Como se fosse um rebanho Fazendo os seus sonhos se realizarem