Eu fui a voz, aquela voz dolorida Cantando a sós com a solidão da vida Mas sei que em mim há um lado transparente Que é um generoso abraço entre mim e a minha gente Tantos fados deu-me a vida E eu dei-me todo ao fado Em cada noite perdida Entre um verso e uma bebida Em mil fados fui escutado Cantei os sonhos frustrados Dos poetas sonhadores Dei a voz a tristes fados E ao cantar de olhos cerrados Vi mais perto as suas dores Eu fui o sal de tanta lágrima triste O vendaval que se amaina e logo insiste Mas sei que em mim houve sempre à flor da voz Um fado triste e dolente, que é o fado que há em nós