Deixem-me ser assim fadista como sou Ser voz de mar tranquilo, ser voz de noite calma Deixem-me ser jardim que em mim se cultivou Onde a seiva da voz transforma a flor em alma Deixem-me ser assim, apenas como sou Ser onda que alcançou a praia desejada Não me gritem decretos que um dia alguém criou Não sou palco de versos, sou eu, ou então nada Por isso é que renasço em todos os meus fados No ventre cristalino dum mar que não tem fim Jamais cantarei preso a gestos estudados Não trago fado á vista mas sim dentro de mim