Fernando da Costa Weyne

A Pequenina Cruz do Teu Rosário

Fernando da Costa Weyne


Agora que eu não te vejo ao meu lado 
A segredar apaixonadas juras 
Busco às vezes do nosso amor de outrora 
A recordar nossas íntimas loucuras 
Faz tanto tempo, nem me lembro quando 
A vida é longa e o pensamento é vário 
Tu me mostravas vil, no idílio santo 
A pequenina cruz do teu rosário 

E sempre que eu a via, recordava 
Do nosso amor, a fantasia louca 
Todas as vezes que a pequena cruz beijava 
Eu beijava feliz a tua boca 
Mas o tempo passou, triste segui 
Da minha vida o longo itinerário 
E nunca mais, nunca mais eu vi 
A pequenina cruz do teu rosário 

Do amor fugiu-me a benfazeja luz 
Não posso mais, errante caminheiro 
Se o Cirineu como o de Jesus 
Larga-me ao corpo, o peso de um madeiro 
Já vou trilhando a estrada da amargura 
Antes porém, que eu chegue ao meu calvário 
Dê-me a beijar, ó santa criatura, 
A pequenina cruz do teu rosário 

Recordo ainda o nosso amor de outrora 
Vamos lembrar os tempos de criança 
Se o amor fugiu-me a luz d'aurora 
Resta em minh'alma um raio de esperança 
Tu que és tão boa, és tão meiga e pura 
Quando eu baixar o campo funerário 
Dê-me a beijar, ó santa criatura 
A pequenina cruz do teu rosário.